segunda-feira, 29 de maio de 2017

ANSIEDADE, ANGÚSTIA E MEDO: QUAL A DIFERENÇA?

                  * Por DANIEL MACEDO


Muitos alunos da graduação e pós-graduação em cursos da área da Saúde Mental me perguntam como diferenciar os conceitos "ansiedade, "angústia" e "medo? Embora muitos autores utilizem os termos ansiedade e angústia como sinônimos, cabe ressaltar algumas diferenças sutis entre tais conceitos. De acordo com Dalgalarrondo (2008), a ansiedade é definida como estado de humor desconfortável desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna desagradável. Inclui manifestações somáticas e fisiológicas (dispnéia, taquicardia, vasoconstrição ou dilatação, tensão muscular, parestesias, tremores, sudorese, tontura, etc.) e manifestações psíquicas (inquietação interna, apreensão, desconforto mental, etc.). O termo angústia relaciona-se diretamente à sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão, sufocamento. Assemelha-se muito à ansiedade, mas tem conotação mais corporal e mais relacionada ao passado. Do ponto de vista existencial, a angústia tem significado mais marcante, é algo que define a condição humana, é um tipo de vivência mais “pesada”, mais fundamental que a experiência da ansiedade. Cabe ressaltar que o medo, caracterizado por referir-se a um objeto mais ou menos preciso, diferencia-se da ansiedade e da angústia, que não se referem a objetos precisos (o medo é, quase sempre, medo de algo).



REFERÊNCIA

DALGALARRONDO, Paulo.Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre : Artmed, 2008.

domingo, 28 de maio de 2017

A imagem pode conter: 6 pessoas, pessoas sentadas

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e textoPalestra do Psicólogo Daniel Macedo na V Campanha e Caminhada contra as drogas do Município de Baraúna-PB. Na ocasião, o psicólogo refletiu sobre a importância do trabalho em rede dos profissionais que atuam com a demanda infanto-juvenil, alertando também os alunos para os perigos das drogas no contexto comunitário e social onde estão inseridos cujo fenômeno tem produzido inúmeras repercussões no desenvolvimento cognitivo e afetivo de milhares de jovens em todo o mundo. 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Visita do psicólogo Daniel Macedo aos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Joaquim Zacarias na zona rural de Baraúna-PB. Na oportunidade o mesmo fez atendimento individualizado e visitou as salas de aula junto com os professores, enfocando a importância de criar uma parceria de compromisso e amizade para que as dificuldades encontradas na instituição sejam atendidas e solucionadas. 

VIOLÊNCIA CIBERNÉTICA: TOMEMOS CUIDADO!

* Por DANIEL MACEDO


Nem sempre temos a liberdade para falar tudo o que pensamos e achamos em relação aos outros. O auto-monitoramento é fundamental. Há muitos casos em que nos deixamos levar ou induzir pelos interesses de terceiros ou mesmo por tomamos as dores dos outros nos seus conflitos interpessoais e nisso acabamos reproduzindo opiniões ou conclusões indevidas, que acabam se caracterizando crimes.
O Ciberbullying (a ofensa intencional deliberada e repetida, infligida por meio de texto eletrônico) e outras formas de violência psicológica perpetradas mediadas pelas redes sociais também são expressões de crime e, além disso, podem produzir sérias repercussões na vida de quem as recebe. 
Analisadas na esfera jurídica, as condutas de injuria, calunia e difamação, praticadas pelos autores de ciberbullying configuram como crime, especialmente, os previstos nos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal, os quais tutelam a honra, punindo os delitos inclusive com pena de detenção, conforme a seguir referimos: 

a) CAÚNIA: Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
b) DIFAMAÇÃO:  Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
c) INJÚRIA:  Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
 I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
§ 2º -Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.) Pena - reclusão de um a três anos e multa.  

Nesse cenário, é importante que os pais e professores instruam e eduquem seus filhos e alunos para uma nova consciência ética e moral em prol do respeito mútuo e sabedoria para a convivência interpessoal, mesmo que seja no âmbito virtual.



SOBRE O AUTOR:


sexta-feira, 19 de maio de 2017

Entrevista sobre o abuso sexual e suas repercussões neuropsicológicas no desenvolvimento da criança e do adolescentes, exibida hoje pela manhã (19.0517), no Programa da Prefeitura Municipal, que é veiculado pela Rádio Cenecista.

Acesse o link abaixo e veja na íntegra a entrevista:
https://www.facebook.com/prefeituradepicui



* Trecho da entrevista. 

quinta-feira, 18 de maio de 2017

1º DIA “D” DE ENFRENTAMENTO PREVENTIVO E SOCIOEDUCATIVO CONTRA A VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL DA ESCOLA M.E.F.FELIPE RODRIGUES DE LIMA-BARAÚNA-PB

Aos dias 18 de maio de 2017, o psicólogo Daniel Macedo junto da equipe de coordenação da Escola Municipal de Ensino Fundamental Felipe Rodrigues de Lima, em Baraúna-PB, promoveu o o 1º DIA “D” DE ENFRENTAMENTO PREVENTIVO E SOCIOEDUCATIVO CONTRA A VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes cujas atividades forram desenvolvidas nos dois turnos (manhã e tarde) com as turmas de alunos da referida instituição escolar, objetivando assim À sensibilização e conscientização dos mesmos para o combate e prevenção à violência sexual. Além da exibição de um vídeo sobre o tema em foco e apresentação de um teatro com bonecos, a equipe realizou várias visitas às salas de aula, onde refletiu com os alunos acerca da importância do evento para o campo estudantil e as formas de se proteger ou denunciar os casos de violações de direitos e violências na comunidade.  


























18 DE MAIO TAMBÉM É DIA DE LUTA ANTIMANICOMIAL

              *Por Daniel Macedo 


            Hoje é dia 18 de maio! Além de um dia muito significativo para as políticas públicas de enfrentamento à violência e exploração sexual infanto-juvenil cuja campanha é promovida pelos órgãos de defesa e promoção dos direitos da criança e do adolescentes em todo o país, hoje, também é o DIA NACIONAL DE LUTA ANTIMANICOMIAL, um importante momento para refletirmos sobre a luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental, pois estas pessoas têm o direito à liberdade, a viver em sociedade, além do direito a receber cuidado e tratamento como qualquer outro cidadão, não devendo ficar encarceradas em hospitais psiquiátricos. 
            A saber, o no Brasil inteiro o movimento de luta antimanicomial tem como meta a substituição dos hospitais psiquiátricos tradicionais por serviços abertos de tratamento e formas de atenção dignas e diversificadas, de modo a atender às diferentes formas e momentos em que o sofrimento mental surge e se manifesta. Hoje, mais do que nunca, a pessoa que apresenta algum transtorno mental não é "doida" nem "louca", mas merece todo o nosso respeito e assistência humanizada, seja nos Caps ou nos demais dispositivos de reinserção social desses cidadãos. 
             Essa luta é um marco na história da Saúde Mental do nosso país. A saber, o  primeiro manifesto público a favor da extinção dos manicômios durante o II Congresso Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental realizado em 1987, na cidade de Bauru/SP. 
Como psicólogo clínico e também especialista em Saúde Mental, acredito que todas essas campanhas são pertinentes e marcam o processo de luta em prol dos direitos humanos das categorias que há muitas décadas foram excluídas da/pela sociedade. Assim como a criança e o adolescente, a pessoa com transtorno mental merece proteção e reconhecimento de direitos. Não pode ser vitimada por nenhum tipo de violência. 






No intuito de realizar um evento em alusão ao 18 de Maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o psicólogo Daniel Macedo junto da equipe pedagógica da Escola Municipal de Ensino Fundamental Felipe Rodrigues de Lima, em Baraúna-PB , promoverá nesta data o 1º DIA "D" DE ENFRENTAMENTO E SENSIBILIZAÇÃO PSICOEDUCATIVA CONTRA À VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL cujo evento será destinado aos alunos da referida instituição escolar.

domingo, 14 de maio de 2017

QUANDO A RELAÇÃO MÃE-FILHO TORNA-SE VIA DE ADOECIMENTO

* Por DANIEL MACEDO


Um antigo ditado bíblico reza: “O que torna impuro não é o que entra na boca, mas o que sai da boca...” Numa interpretação psicológica diríamos: “O que decide a identidade  de uma pessoa não é o que os outros decidem sobre ela, mas o que ela mesma decide”. Uma pessoa que é amada pode – por causa disso ou apesar disso – ser tudo o que quiser. Uma pessoa que ama é uma pessoa amorosa. Uma pessoa que é odiada, também ainda pode ser tudo o que quiser. Mas uma pessoa que odeia, é inevitavelmente uma pessoa odienta. Em conversa no consultório, disse-me certa vez um paciente: “Minha mãe mora na mesma casa em que minha família e eu, mas totalmente separada de nós e, por isso, não temos nenhuma necessidade de vê-la”. “O senhor não quer vê-la?” perguntei. “Bem, você sabe, não gosto da minha mãe. Antigamente, ela ainda era forte e minha mulher trabalhava fora, ela cuidava dos nossos filhos, cozinhava, lavava e passava a roupa. Quando agora sobe a escada arquejando me dá um sentimento de culpa”.
Pobre genitora de maneira alguma! Pobre homem! Tornou-se um filho ingrato. Está prejudicando a sua própria identidade! Nem precisa encontrar sua mãe para sentir isso. Basta olhar para o espelho da sua consciência. Como se sentirá um dia, não só diante da sepultura dela, mas também diante de si mesmo? Como alguém que abandonou sua mãe na velhice. Como se sentirá sua mãe? Como alguém que amou, que ajudou, que serviu. Que não abandonou seus filhos e seus netos, quando estes estavam precisando. Foi ricamente abençoado pela colheita da vida e pode estar satisfeita coma sua identidade. O comportamento ingrato do filho não pode tirar-lhe nada disso, absolutamente nada.

Naturalmente também há exemplos contrários. Pais que são briguentos, vivem criticando, cobrando excessivamente são opressores etc. Apesar disso é a atitude dos filhos para com eles que determinará o bem-estar desses filhos. se os filhos se omitirem, serão hipócritas, se aceitarem a tirania, favorecerão a tirania, e se permanecerem interiormente firmes e exteriormente misericordiosos, serão pessoas estáveis e bondosas. Novamente se poderá objetar que isso não é fácil. É verdade. Exatamente por isso a doença psíquica constitui o ponto final de um caminho fácil, demasiadamente confortável, no qual se foge de qualquer desafio, obstáculo e responsabilidade, a exemplo do paciente anteriormente mencionado, que evita até encontrar-se com sua mãe na escada, para poupar-se dos sentimentos de culpa. E que precisa urgentemente de ajuda psicoterapêutica por não está satisfeito consigo mesmo e com a sua identidade





FATOS DO COTIDIANO: UMA JOVEM ME PAROU!

* Por DANIEL MACEDO


Ao caminhar logo cedo por uma praça no centro da cidade onde moro, uma adolescente me abordou para uma questão um tanto interessante. Sem delongar, perguntou-me: “para que serve a psicoterapia?”. Bom, não tive outra opção a não ser dar uma parada e pensar por alguns instantes na resposta mais apropriada para dar àquela jovem. E ai lhe disse: “Olhe, minha senhorita, a psicoterapia é um processo bastante valioso para qualquer pessoa. Ele tem o objetivo de ajudar o indivíduo a desenvolver um projeto pessoal de sentido para a sua existência e proporcionar-lhe coragem para realizá-lo e que seja capaz de se fortalecer e enfrentar assertivamente  suas próprias dificuldades”. Foi justamente e somente isso que expressei à jovem tão curiosa. O que também foi o estímulo para que a mesma retornasse com outro questionamento: “ir ao psicólogo significa que eu estou louca?” De fato, essa segunda pergunta me deixou mais interessando ainda naquela interlocução. Ai, realmente, tive que me abranger um pouco. Disse-lhe:  “Olhe,  o Psicólogo é um profissional que se preparou para atuar em vários contextos, buscando conhecer e motivar as pessoas para que elas possam se libertar ou enfrentar os seus problemas, motivando-as a serem autoras da sua própria vida.  Além disso, esclareci que jamais seria “louca” a jovem que fosse encaminhada ou procurasse um psicólogo para conversar ou mesmo se consultar. A psicologia, mais que uma abordagem complexa no universo humano, é uma ciência. E por sê-la, tem contribuído infinitamente para possibilitar o “empoderamento” humano e sua ampla possibilidade de encontrar seu caminho na existência, libertando-o ou oferecendo-o suporte para os problemas que o aflige”. De fato, isso bastou para que aquele ligeiro diálogo tivesse seu desfecho. Por conseguinte, ela me expressou um tímido sorriso, agradeceu-me e segui seu destino, enquanto eu retomei a caminhada com passos firmes naquela praça tão agradável. 




DEPRESSÃO: O MAL AVASSALADOR DA ALMA HUMANA.


 * Por DANIEL MACEDO

                 
Quem já não ouviu falar em depressão? Pois bem, é o que pretendo discorrer neste artigo cujo objetivo é contribuir brevemente com algumas informações relevantes sobre essa doença tão recorrente nos atendimentos no campo da Psicologia Clínica.  A saber, a depressão é considerada uma das formas mais avassaladoras do sofrimento humano, interferindo significativamente na qualidade de vida das pessoas e, em muitos casos, tornando-se o principal motivo do aumento do de comportamentos autodestrutivos ou suicidas no mundo inteiro.
Segundo o Código Internacional de Doenças (CID-10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os episódios depressivos podem ser manifestados nos graus “leve”, “moderado” e “grave”, definindo assim a gravidade do transtorno e seus tratamentos, conforme a duração dos sintomas, que permanecem por no mínimo duas semanas. Geralmente, as pessoas depressivas se queixam de sintomas como: muita tristeza e sentimentos de desesperança; falta de vontade ou perda de interesse físico e mental para fazer as coisas do seu cotidiano; diminuição da concentração e insônia; diminuição do apetite e da autoestima e assim por diante. Entretanto, salienta-se que as maiores dificuldades para o diagnóstico ainda é o preconceito e a falta de informações, inclusive de profissionais do campo da saúde, que, em muitos casos, não conseguem proceder com os devidos encaminhamentos ou diagnósticos acerca da doença. Outro fator relevante para legitimar a falta de assistência correta é a persistência no imaginário popular de que o fenômeno da depressão é “algo passageiro” ou que é associada a “forças espirituais” e a “falta de fé”.  Há até aqueles que acreditam que é um fenômeno “demoníaco” ou “possessivo”, dificultando e desviando ainda mais a busca pelo tratamento adequado, bem como à compreensão por parte do próprio paciente e familiares. Além disso, não se pode reduzir o transtorno à apenas uma causa, haja vista que inúmeros são os motivos que levam a pessoa ao sofrimento depressivo, como por exemplo: à vivência de situações traumatizantes, perdas de entes queridos, decepções ou desilusões amorosas e outros.

Atualmente, é sabido que o tratamento para a depressão é complexo, exigindo um enfoque interventivo multidisciplinar e holístico, principalmente nos campo da Psicoterapia e Psicofarmacologia. Entretanto, é fundamental o acompanhamento psicoterapêutico da pessoa, que requer atenção e cuidados especializados, tornando-se possível o processo curativo desse “mal” tão avassalador da alma humana.      










A ESTRUTUTRA DA PERSONALIDADE SEGUNDO FREUD: ID, AGO E SUPEREGO.


        *Por DANIEL MACEDO


       NOTA: estes são fragmentos textuais extraídos da Tese de Mestrado do próprio autor. Por motivos de direitos de autoria, não serão citadas as referências das bibliografias que serviram de base bibliográfica para o desenvolvimento do trabalho

O Id (das Es)

É a totalidade do aparelho psíquico do indivíduo ao nascer e está voltado para a satisfação das necessidades básicas da criança no começo de sua vida. A atividade do Id consiste de impulsos que obedecem ao princípio do prazer, isto é, que busca o prazer e evita a dor, na medida em que essa sensação é definida pela própria natureza do organismo.
Conforme Carrara (2004), o Id é a matriz da qual o ego e o superego se diferenciam. É um substrato contendo tudo o que é psicologicamente herdado, de onde provêm os impulsos ou pulsões. Seus conteúdos são as representações psíquicas dos instintos, ou seja, representações do mundo interno da experiência subjetiva, a verdadeira realidade psíquica como Freud o chamou. Está intimamente relacionado com os processos corporais, dos quais retira sua própria energia. Portanto é o reservatório da energia física que põe em funcionamento os outros sistemas, ou, em outro sentido, é o componente biológico da personalidade. Em outras palavras, é  “o princípio do prazer se caracteriza pela busca de evacuação e de redução das tensões psíquicas, pela busca do prazer da descarga pulsional associada à compulsão de repetição de experiências” (DANIEL; COHEN, 2010, p.61). 
D´Andrea (2003, p.14), complementa essas elucidações afirmando que o id é “fonte primária da energia mental cujos impulsos dependem de específicas condições físico-químicas”. Em outras palavras, é a parte mais primitiva da personalidade, exigindo contantemente a satisfação de suas necessidades.
Para Garcia-Roza (2009, p. 207), o “id está aberto às influências somáticas e em seu interior abriga representantes pulsionais que buscam satisfação”, sendo estes “regulados exclusivamente pelo princípio do prazer”.
Assim, quando ocorre uma estimulação externa ou uma excitação interna, o nível de tensão do organismo se eleva e o id funciona de tal maneira visando a descarregar imediatamente essa tensão, pois não é capaz de tolerar energias muito intensas. Procura fazer com que o organismo retorne e permaneça num nível de conforto e baixa tensão (CARRARA, 2004,p.19).
Entretanto, dentro desse contexto, pode-se inferir que o id encerra todas as pulsões biológicas básicas do ser humano. A única lei dele é o princípio do prazer, a satisfação agora e não mais tarde, sejam quais forem às circunstâncias e os custos. Assim, os seus esforços cegos para alcançar o prazer não conhecem qualquer distinção entre o sujeito e o mundo, entre a fantasia e a realidade, entre o desejar e o ter. Por isso, as pulsões insistentes extravasam para a ação motora reflexa e ao nascer, criança é integralmente id (GLEITMAN, FRIDLUND, REISBERG, 2003).
Na Conferência XXXI - A Dissecção Da Personalidade Psíquica, em Novas conferências introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos (1932-1936), Freud considera que o id é:


A parte obscura, a parte inacessível de nossa personalidade; [...]. Abordamos o id com analogias; denominamo-lo caos, caldeirão cheio de agitação fervilhante. Descrevemo-lo como estando aberto, no seu extremo, a influências somáticas e como contendo dentro de si necessidades instintuais que nele encontram expressão psíquica; não sabemos dizer, contudo, em que substrato. Está repleto de energias que a ele chegam dos instintos, porém não possui organização, não expressa uma vontade coletiva, mas somente uma luta pela consecução da satisfação das necessidades instintuais, sujeita à observância do princípio de prazer. As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao id, e isto é verdadeiro, acima de tudo, quanto à lei da contradição. Impulsos contrários existem lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um diminua o outro: quando muito, podem convergir para formar conciliações, sob a pressão econômica dominante, com vistas à descarga da energia (FREUD, 1996, p.34).


E ainda salienta Freud (1996):


Naturalmente, o id não conhece nenhum julgamento de valores: não conhece o bem, nem o mal, nem moralidade. Domina todos os seus processos o fator econômico ou, se preferirem, o fator quantitativo, que está intimamente vinculado ao princípio de prazer. Catexias instintuais que procuram a descarga - isto, em nossa opinião, é tudo o que existe no id (Ibid., p.36).


A partir das colaborações de Becker (2011), o Id, portanto, contém tudo o que é herdado e está presente desde o nascimento. Faz parte da constituição, por assim dizer, instintual da criança e se origina da organização somática a qual encontra expressão psíquica sob a forma de desejo, necessidade, impulso. Para Freud o Id é o reservatório de toda a energia da personalidade.

 O Ego (das Ich)

O ego é outro conceito importante na teoria topográfica freudiana. De acordo com Freud, ele é o responsável pelo contato com o ambiente, com a realidade externa e constitui a sede de quase todas as funções mentais.
De acordo com Carrara (2004, p.18), “podemos dizer que, ao nascer, o indivíduo é puro id inconsciente. Mediante o contato com a pressão da realidade, a massa indiferenciada vai se estruturando e formando o ego”.
Para a referida a autora:

Enquanto o id conhece apenas a realidade subjetiva da mente, o ego é capaz de diferenciar entre ela e a realidade do mundo externo[...].Para o id interessa apenas saber se uma experiência é agradável ou desagradável9princípio de prazer). Já o ego quer se certificar se uma experiência é falsa ou real, se tem existência externa ou não. Enquanto isso, retém a descarga imediata da tensão até que seja encontrado o objeto apropriado para a satisfação da necessidade, suspendendo, temporariamente, o princípio de prazer. Por essa razão, dizemos que o ego é regido pelo princípio da realidade e opera, em função disso, por meio do processo secundário (CARRARA, 2004, p.19).


Nessa perspectiva, ao defrontar-se com as demandas do meio, a criança precisa gradualmente redirigir os impulsos do id, de modo que estes sejam satisfeitos dentro da realidade. Isto significa que o indivíduo deve suportar um sofrimento para depois alcançar o prazer e renunciar a um prazer que poderá fazê-lo sofre mais tarde. No entanto, ambos os princípios visam o mesmo fim: alcançar o prazer, a satisfação e evitar a dor. Assim, o ego tem a função de autopreservação, pois se houvesse apenas a busca da gratificação imediata sem levar em conta as consequências da total evitação do sofrimento interno, o indivíduo sucumbiria (D´ANDREA, 2003).
Para Gleitman, Fridlund, Reisberg (2003, p.975), “o ego deriva do id e fundamentalmente mantém-se ainda ao seu serviço. Mas, ao contrário do id, o ego obedece ao princípio da realidade”.
Sobre esse princípio, explicam Daniel e Cohen (2010):

O princípio da realidade leva em conta às limitações, as proibições, as temporizações necessárias, para que a descarga pulsional não tenha um aspecto destrutivo para a criança. É em parte uma das funções do ego nascente da criança planejar a ação, deferir as satisfações na esperança de uma satisfação maior ou mais adequada à realidade (DANIEL;COHEN, 2010, p.61).  


Contudo, como intermédio entre o mundo interno (Id) e o mundo externo, o ego exerce uma série de funções. Em relação ao Id, aprende a controlar as demandas dos impulsos, decidindo se esses devem ser satisfeitos imediatamente, mais tarde ou nunca.

Cabe ao Ego ser o mediador entre as exigências do id, as do Superego e as da realidade externa. O Ego é a instância que analisa, julga e decide, coordena e suprime adiando e outras vezes até suprimindo definitivamente a realização do desejo e dos impulsos para atender às necessidades do indivíduo (BECKER, 2011, p.213).

Em relação ao segundo (mundo externo), percebe os estímulos, avaliando sua qualidade e intensidade a partir de lembranças de experiências passadas, protege-se dos estímulos percebidos como perigosos, aproveita os estímulos favoráveis e realiza modificações no meio que possam resultar em benefícios da própria pessoa. Em outras palavras, são funções do ego: perceber, lembrar, pensar, planejar e decidir.
Para Palmer (2001, p.30), a primordial tarefa do ego é a “autopreservação, a busca do controle não só do mundo que lhe é exterior como também do mundo interior do id”. 
Afiram Garcia-Roza (2009):

O ego encontra-se, portanto, em contato com dois mundos. Pela sua posição em face do sistema perceptivo, ele é o responsável pelo‘teste de realidade’ e pelo controle da motilidade; pela sua relação com o id, ele funciona como mediador entre este último e o mundo externo, isto é, procura atender às exigências do id com um mínimode conflito com a realidade e com o superego (GARCIA-ROZA, 2009, p. 208).


Conforme as elucidações freudianas, a função do ego é enfrentar as exigências levantadas por suas três relações de dependência: da realidade, do id e do superego e, não obstante, ao mesmo tempo, preservar a sua própria organização e manter a sua própria autonomia.
Portanto, o “ego desempenha papel de integrador lidando simultaneamente com as demandas do id, do superego e do mundo externo” (Idem., p.14).

É fácil ver que o ego é aquela parte do id que foi modificada pela influência direta do mundo externo, por intermédio do Pcpt.-Cs; em certo sentido, é uma extensão da diferenciação de superfície. Além disso, o ego procura aplicar a influência do mundo externo ao id e às tendências deste, e esforça-se por substituir o princípio de prazer, que reina irrestritamente no id, pelo princípio de realidade. Para o ego, a percepção desempenha o papel que não cabe ao instinto. O ego representa o que pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o id, que contém as paixões. Tudo isto se coaduna às distinções populares com que estamos familiarizados; ao mesmo tempo, contudo, só deve ser encarado como confirmado na média ou ‘idealmente’ (FREUD, 1996, p.38).



Outra função importante do ego, que aqui merece ser recordado, é que ele é a sede da ansiedade. A ansiedade é um sentimento de ameaça frente a um perigo fantasiado. Se o período é real, o sentimento é de medo, se o perigo é fantasiado, fala-se de ansiedade. Diante desse sentimento, o ego busca se proteger e desenvolve os mecanismos de defesa cujos principais são: repressão, introjeção ou identificação, projeção, negação, deslocamento, formação reativa, sublimação, racionalização (BECKER, 2011).
Assim, para Freud, a defesa é a operação pela qual o ego exclui da consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo, desta forma, o apare­lho psíquico. O ego mobiliza estes mecanismos, que suprimem ou dissimulam a percepção do perigo interno, em função de perigos reais ou imaginários localizados no mundo exterior (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).

O Superego (das Über-Ich)

É o último sistema a se desenvolver na personalidade da criança. É uma parte diferenciada do ego. É a instância crítica e proibidora, o censor das funções do ego decide se algo é certo ou errado, de modo a garantir que a criança aja em harmonia com os padrões sociais vigentes. “É o árbitro moral internalizado, ou seja, o representante interno dos valores e ideais da sociedade que são transmitidos e reforçados pelo sistema de punição e recompensas impostas à criança” (CARRARA, 2004, p.37).
Através do Superego, a criança introjeta os valores e normas da sociedade, transmitidos pelos pais  e reforçados pelos sistemas de recompensas e castigos impostos por esses. Por isso, “sua preocupação é decidir se alguma coisa é certa ou errada, de modo a poder a pessoa agir em harmonia com os padrões morais autorizados pelos agentes da sociedade” (HALL;LINDZEY,1966, p.49). 


Como árbitro moral internalizado, o superego resulta das reações que a criança oferece ao sistema de recompensas e punições dos pais. Para obter recompensas e evitar punições, a criança aprende a conduzir-se de acordo com as normas ditadas pelos pais. As punições resultantes de quebra de normas tendem a incorporar-se à consciência, que é um dos subsistemas do superego. O mecanismo pela qual essa incorporação se realiza chama-se introjeção. A consciência pune a pessoa fazendo-a sentir-se culpada e o ego-ideal recompensa-a fazendo-a sentir-se orgulhosa. Com a formação do superego o controle dos pais é substituído pelo autocontrole. (HALL;LINDZEY,1966, p.48). 


Assim, à proporção que se desenvolve, a criança descobre que certas demandas do meio persistem sob a forma de normas e regras estabelecidas, desenvolvendo “um novo padrão de resposta, a partir do interior do ego, que atua como uma espécie de juiz, o qual decide se o ego foi ‘bom’ ou ‘mau’”, como assim elucidam os autores Gleitman, Fridlund, Reisberg (2003, p.976). 
Destaca Freire (1997) que a sociedade tem um papel fundamental na estruturação do superego que influenciará na constituição da personalidade da criança, principalmente, em sés comportamentos diante da percepção e respostas ao meio. Para isso dita à criança os hábitos, os costumes, as boas maneiras, etc. A criança, portanto, vai assimilando e introjetando tudo isso.
Desta forma, o ego tem que lidar repetidamente com os mesmos tipos de problemas e aprender a encontrar para estes soluções socialmente aceitáveis.
O indivíduo, no entanto, não precisará indefinitivamente, parar para pensar cada vez que isto ocorrer. A decisão far-se-á automaticamente, pois as regras e normas impostas pelo mundo externo vão se incorporar na estrutura psíquica, constituindo o superego. 
Explica Becker (2011):


O Superego se desenvolve a partir do Ego e dos modelos de autoridade na infância. Ele é a instância moral, o depositário dos códigos da ética e da moralidade. Forma o modelo que advém do Id e os pensamentos do Ego. É o olho que vê tudo. Freud descreve três funções do Superego: a consciência moral, a auto-observação e a formação de ideias (BECKER, 2011, p.213).


Hall e Lindzey (1966, p.48) metaforizam o Superego com as seguintes palavras:  “é a arma moral da personalidade; representa mais o ideal do que o real e tende mais à perfeição do que ao prazer”.
Sobre as principais funções do Superego, os referidos autores sintetizam:


1) inibir os impulsos do id, particularmente os da natureza sexual e agressiva, pois estes são os impulsos cuja exteriorização é mais condenada pela sociedade; 2) persuadir o ego a substituir os alvos moralistas por alvos realistas; 3) lutar pela perfeição. O superego tende a opor-se tanto ao id quanto ao ego e a fazer do mundo um reflexo de sua imagem. Entretanto, ele se assemelha ao id quanto à irracionalidade,e ao ego quanto ao controle dos instintos. Ao contrário do ego, o superego não somente adia a gratificação do instinto: tenta bloqueá-lo permanentemente (HALL, LINDZEY, 1966, p.50, grifos nossos).




Em Novas conferências introdutórias sobre Psicanálise e outros trabalhos, na Conferência XXX (Volume XXII, 1932-1936), Freud (1929) descreve o Superego aplica o mais rígido padrão de moral ao ego indefeso que lhe fica à mercê e representa, em geral, as exigências da moralidade. Para o autor, o sentimento moral de culpa da criança é uma expressão da tensão entre o ego e o superego. Nesse sentido, o superego é o representante de todas as restrições morais, o advogado de um esforço tendente à perfeição imposta pelos próprios pais.
De acordo com D´Andrea (2003, p.14), essas três dimensões da estrutura psíquica (Id, Ego e Superego) , “não podem ser consideradas isoladamente no seu desenvolvimento e funcionamento. Elas são interdependentes”.
Dentro da sistemática funcional do psiquismo humano, segundo a teoria freudiana, como já foi destacada até agora, o ego, id e superego constituem, portanto, as instâncias da vida psicológica do ser humano, agindo dinamicamente.
Entretanto, para sua boa adaptação ao meio ambiente, à sociedade em geral, deve manter essas instâncias em harmonioso funcionamento, o que talvez não aconteça facilmente, pois existem entre elas conflitos provocados durante os primeiros anos de desenvolvimento e que jamais chegam a uma resolução. Porém isso não exclui a existência das instâncias que são igualmente atingidas pelas pulsões libidinosas (OLIVEIRA, 2010).

Portanto, a personalidade funciona, normalmente, como uma unidade completa e não em três segmentos separados. De modo geral, podemos considerar o id como “componente biológico da personalidade; o ego como componente psicológico e o superego como componente social”, como bem resumem Hall e Lindzey (1966, p.50).