Por: DANIEL MACEDO
Recentemente, fui abordado por uma paciente que me procurou para uma avaliação psicodiagnóstica e também tratar de um problema que há anos vinha o gerando sofrimento. De imediato, fui logo perguntando acerca da queixa que ela teria para apresentar, evitando qualquer delonga que desviasse sua atenção. Sem exitar, a jovem começou a me relatar inúmeros sinais de que, possivelmente, estaria sofrendo de algum transtorno alimentar e, de fato, o era. Como especialista e atuante no campo da Saúde Mental, pus-me a avaliar tais verbalizações, até chegar uma hipótese de que tudo aquilo que ela expressava estaria relacionado aos sintomas da Bulimia. Dai para frente, começamos um tratamento psicoterapêutico cujo processo alcançou resultados e um desfecho satisfatório.
Pois bem, gente, essa foi mais uma demanda para as minhas intervenções. Entretanto, sobre a Bulimia posso afirmar que muito se tem escrito. Encontramos na literatura específica um vasto material bibliográfico, desde livros até os artigos científicos mais atualizados. Porém ainda há quem desconheça esse transtorno. Por isso, pensado nisso, optei em apresentar uma breve elucidação do que realmente se trata a Bulimia.
De fato, a bulimia nervosa caracteriza-se por preocupação persistente com o comer e um desejo irresistível de comida, sucumbindo a paciente a repetidos episódios de hiperfagia (“ataques” à geladeira, a uma sorveteria, etc.). Caracteriza- se ainda por preocupação excessiva com controle de peso corporal, levando a paciente a tomar medidas extremas, como vômitos, purgação, enemas e diuréticos, a fim de mitigar os efeitos do aumento de peso pela ingestão de alimentos. Os indivíduos com bulimia estão geralmente dentro da faixa de peso normal, embora alguns possam apresentar o peso levemente acima ou abaixo dessa faixa. Na anorexia nervosa, há uma busca implacável de magreza e o medo intenso e mórbido de parecer ou ficar gorda(o).
A paciente bulímica toma medidas extremas, como vômitos, purgação, enemas e diuréticos, a fim de mitigar os efeitos do aumento de peso pela ingestão de alimentos. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais comportamento purgativo pode produzir alterações hidroeletrolíticas (hipocalemia, hiponatremia e hipocloremia). A perda de ácido gástrico por meio dos vômitos pode ocasionar alcalose metabólica, e a freqüente indução de diarréia pelo abuso de laxantes
pode causar acidose metabólica. O vômito recorrente pode acarretar perda significativa e permanente do esmalte dentário. Da mesma forma que a anorexia nervosa, a bulimia ocorre, em 90% dos casos, entre as mulheres, começando no final da adolescência ou no início da idade adulta. Os indivíduos com bulimia nervosa tipicamente se envergonham de seus problemas alimentares e procuram ocultar seus sintomas.
Há um sentimento de falta de controle. O comer compulsivo (binge eating) é um quadro próximo ao da bulimia, mas dela se diferencia pela ausência de vômitos e purgações auto-induzidas e por marcante sentimento de culpa ou desconforto após haver comido uma quantidade muito exagerada de alimentos em curto período de tempo. Como a bulimia é um comportamento socialmente condenável, as pacientes costumam negar e esconder os sintomas. Para identificar pacientes com tal transtorno, usa-se a técnica do “exagero”, perguntando, por exemplo: Quantas vezes por dia você come demais e vomita depois? Quatro ou cinco vezes? Oito ou dez vezes? (Resposta: “Que é isso! Só uma ou duas vezes por dia.”).
*Acesse mais: https://psicologodanielmacedo.blogspot.com.br
**Currículo do autor: http://lattes.cnpq.br/0170332532593209
Referência
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre : Artmed, 2008, p.340-341)
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