domingo, 12 de fevereiro de 2017

MUITAS CRIANÇAS TÊM TDAH E OS PAIS NÃO SABEM.

           
 Por: DANIEL MACEDO
*Acesse mais:  
https://psicologodanielmacedo.blogspot.com.br
**Currículo do autor:  
http://lattes.cnpq.br/0170332532593209



0  TRANSTORNO DO DÉFICITE DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) é considerado uma das condições psicopatológicas ou psiquiátricas mais pesquisadas e posta à prova de evidências científicas, estando entre os transtornos mentais mais frequentes em amostras clínicas e populacionais de crianças e adolescentes na maioria dos países (SCHMITIZ et. al, 2011).


Para se entender melhor o que é este  transtorno mental é preciso antes definir o que é “saúde mental”. A saber, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde mental como um estado de bem estar no qual o indivíduo é capaz de exercer suas aptidões, manejar os eventos estressantes normais da vida, trabalhar produtivamente e contribuir para sua comunidade. Um transtorno mental, portanto, pode ser entendido como uma condição médica que altera este “estado de bem estar” provocando prejuízo no desempenho global do indivíduo.
Nesse contexto, o TDAH apresenta impactos relevantes na vida de quem o manifesta, estando também associado a estresse familiar, aumento na incidência de acidentes de trânsito, prejuízos nas atividades acadêmicas e efeitos comportamentais não adaptativos. Além disso, “Indivíduos com esse diagnóstico apresentam aumento do risco do desenvolvimento de outros transtornos psiquiátricos na infância, na adolescência e na idade adulta” (SCHMITIZ et. al, 2011, p. 261).
É sabido que a conceituação do TDAH variou ao longo dos anos, devido às mudanças de leitura ou de visão da teoria de causalidade predominante em cada período. Assim, os critérios de definição dos casos variaram, e em consequência, a sua prevalência. As primeiras descrições ou relatos oficiais sobre o transtorno datam na Europa em 1850 e a  primeira publicação científica somente foi realizada em meados de 1902, quando um pediatra inglês chamado George Still publicou o estudo de casos clínicos referentes a crianças com hiperatividade e outras alterações de comportamento, defendendo que esses aspectos não podiam ser explicados por falhas educacionais ou ambientais, mas sim provocadas por distúrbios cerebrais, na época até então desconhecidos. Contudo, sintomas típicos já haviam sido descritos em 1845, pelo médico Heinrich Hoffman em seu livro de poemas sobre crianças e seus comportamentos (MOTA, 2014).
Decerto, essas contribuições produziram as primeiras referências literárias sobre o transtorno no campo das ciências médias, sendo, posteriormente, surgidas várias  nomenclaturas com as quais se pode conhecer esse fenômeno mental, como por exemplo: síndrome da criança hiperativa, lesão cerebral mínima, Déficit de Controle Moral, disfunção cerebral mínima, transtorno hipercinético e transtorno primário da atenção. Entretanto, o padrão clínico somente foi bem definido entre os anos 50-60, sendo reconhecido como transtorno mental apenas na década de 80. Logo, o que temos hoje são informações ainda mais completas e esclarecidas pelas novas pesquisas e tecnologia médica cujos avanços resultaram de um boom de desenvolvimento dos anos 1990 para cá (CAMARGOS; ANA, 2005).
Sabe-se que a criança com TDAH manifesta um comportamento diferenciado das demais em sala de aula. Geralmente, é agitada, desatenta, tem baixa concentração ou ainda apresenta atitudes de impulsividade, entre outros, que comprometem significativamente o seu  desempenho escolar, o relacionamento com os colegas e demais aspectos envolvidos no contexto social, afetivo e cognitivo onde vive.
No entanto, um dos problemas que dificulta à identificação do transtorno, bem como à conduta correta de encaminhamento dos casos, é a falta de informação por parte da maioria dos profissionais que atuam no campo da educação infantil. Nesse contexto, percebe-se que uma boa parte das instituições escolares ainda não está preparada para lidar com esse tipo de demanda cujo fenômeno requer uma assistência pedagógica e educacional mais específica e qualificada. Além disso, os educadores em sua grande maioria não dispõe de recursos psicopedagógicos adequados ou necessários para a promoção da assistência especial ao aluno com o referido transtorno. Outro fator imperante é a ausência de eventos pedagógicos que promovam a capacitação e formação permanentes desses docentes acerca do assunto, o que tem dificultado ainda mais o diagnóstico precoce e intervenções aos casos.
 Por outro lado, também se reconhece que o TDAH esteja entre os casos de maior frequência para o encaminhamento aos serviços de saúde. Apesar dos sintomas estarem presentes em todos os ambientes, é na escola que eles mais se manifestam e chamam atenção de educadores e demais profissionais que atuam com a criança que, em muitos casos, sentem-se dificuldades no enfrentamento. 


 REFERÊNCIAS

CAMARGOS, W. J; HOUNIE, A., G., Manual Clínico do Transtorno de Deficit de Atenção/ Hiperatividade. Nova Lima, MG: Editora Info Ltda, 2005.

MOTA, A., H. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na Vida Adulta e Funções Executivas: uma revisão teórica. In: Revista Interfaces da Saúde.  Aracati- CE,  ano 1 ∙ nº1 ∙ Ago 2014, p.39-50. 

SCHMITZ, M; PHEULA, G.F.; LUDWIG, H.T.; ROHDE, L. A. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. In: KAPCZINISKU,F. et al. Bases biológicas dos transtornos mentais: uma abordagem translacional. Porto Alegra: Artmed, 2011.  



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