Por: DANIEL MACEDO
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http://lattes.cnpq.br/0170332532593209
0 TRANSTORNO
DO DÉFICITE DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) é considerado uma das
condições psicopatológicas ou psiquiátricas mais pesquisadas e posta à prova de
evidências científicas, estando entre os transtornos mentais mais frequentes em
amostras clínicas e populacionais de crianças e adolescentes na maioria dos
países (SCHMITIZ et. al, 2011).
Para se entender melhor o que é
este transtorno mental é preciso antes definir o que é “saúde mental”. A
saber, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde mental como um estado
de bem estar no qual o indivíduo é capaz de exercer suas aptidões, manejar os
eventos estressantes normais da vida, trabalhar produtivamente e contribuir
para sua comunidade. Um transtorno mental, portanto, pode ser entendido como
uma condição médica que altera este “estado de bem estar” provocando prejuízo
no desempenho global do indivíduo.
Nesse contexto, o TDAH apresenta
impactos relevantes na vida de quem o manifesta, estando também associado a
estresse familiar, aumento na incidência de acidentes de trânsito, prejuízos
nas atividades acadêmicas e efeitos comportamentais não adaptativos. Além
disso, “Indivíduos com esse diagnóstico apresentam aumento do risco do
desenvolvimento de outros transtornos psiquiátricos na infância, na
adolescência e na idade adulta” (SCHMITIZ et. al, 2011, p. 261).
É sabido que a conceituação do TDAH
variou ao longo dos anos, devido às mudanças de leitura ou de visão da teoria
de causalidade predominante em cada período. Assim, os critérios de definição
dos casos variaram, e em consequência, a sua prevalência. As primeiras
descrições ou relatos oficiais sobre o transtorno datam na Europa em 1850 e a
primeira publicação científica somente foi realizada em meados de 1902,
quando um pediatra inglês chamado George Still publicou o estudo de casos
clínicos referentes a crianças com hiperatividade e outras alterações de
comportamento, defendendo que esses aspectos não podiam ser explicados por
falhas educacionais ou ambientais, mas sim provocadas por distúrbios cerebrais,
na época até então desconhecidos. Contudo, sintomas típicos já haviam sido
descritos em 1845, pelo médico Heinrich Hoffman em seu livro de poemas sobre
crianças e seus comportamentos (MOTA,
2014).
Decerto, essas contribuições
produziram as primeiras referências literárias sobre o transtorno no campo das
ciências médias, sendo, posteriormente, surgidas várias nomenclaturas com
as quais se pode conhecer esse fenômeno mental, como por exemplo: síndrome da criança hiperativa,
lesão cerebral mínima, Déficit de
Controle Moral, disfunção
cerebral mínima, transtorno hipercinético e transtorno primário da atenção. Entretanto, o padrão clínico somente
foi bem definido entre os anos 50-60, sendo reconhecido como transtorno mental
apenas na década de 80. Logo, o que temos hoje são informações ainda mais
completas e esclarecidas pelas novas pesquisas e tecnologia médica cujos
avanços resultaram de um boom de desenvolvimento dos anos 1990 para
cá (CAMARGOS; ANA, 2005).
Sabe-se que a criança com TDAH
manifesta um comportamento diferenciado das demais em sala de aula. Geralmente,
é agitada, desatenta, tem baixa concentração ou ainda apresenta atitudes de
impulsividade, entre outros, que comprometem significativamente o seu
desempenho escolar, o relacionamento com os colegas e demais aspectos
envolvidos no contexto social, afetivo e cognitivo onde vive.
No entanto, um dos problemas que
dificulta à identificação do transtorno, bem como à conduta correta de
encaminhamento dos casos, é a falta de informação por parte da maioria dos
profissionais que atuam no campo da educação infantil. Nesse contexto, percebe-se
que uma boa parte das instituições escolares ainda não está preparada para
lidar com esse tipo de demanda cujo fenômeno requer uma assistência pedagógica
e educacional mais específica e qualificada. Além disso, os educadores em sua
grande maioria não dispõe de recursos psicopedagógicos adequados ou necessários
para a promoção da assistência especial ao aluno com o referido transtorno.
Outro fator imperante é a ausência de eventos pedagógicos que promovam a
capacitação e formação permanentes desses docentes acerca do assunto, o que tem
dificultado ainda mais o diagnóstico precoce e intervenções aos casos.
Por outro lado, também se
reconhece que o TDAH esteja entre os casos de maior frequência para o
encaminhamento aos serviços de saúde. Apesar dos sintomas estarem presentes em
todos os ambientes, é na escola que eles mais se manifestam e chamam atenção de
educadores e demais profissionais que atuam com a criança que, em muitos casos,
sentem-se dificuldades no enfrentamento.
REFERÊNCIAS
CAMARGOS, W. J; HOUNIE, A., G., Manual Clínico do Transtorno de
Deficit de Atenção/ Hiperatividade. Nova Lima, MG: Editora Info Ltda, 2005.
MOTA, A., H. Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) na Vida Adulta e Funções Executivas: uma revisão teórica.
In: Revista Interfaces da Saúde. Aracati- CE, ano
1 ∙ nº1 ∙ Ago 2014, p.39-50.
SCHMITZ, M; PHEULA, G.F.; LUDWIG,
H.T.; ROHDE, L. A. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. In:
KAPCZINISKU,F. et al. Bases
biológicas dos transtornos mentais: uma abordagem translacional. Porto
Alegra: Artmed, 2011.